"Para o homem que deseja ter uma mulher confiável ao seu lado, só lhe resta uma maneira para ter a certeza que de fato a encontrou; desrespeitando-a!"
Após a imprevisibilidade do que acabara de ocorrer, Jazz pegou um guardanapo do serviço de bordo da aeronave em que está viajando, e anotou imprecisamente esse indiscreto aforismo. O que o levou a fazê-lo, foi o fato de ter presenciado o homem ao lado da sua poltrona a dizer impropérios ao pé-do-ouvido das aeromoças; uma a uma que passava, ele as chamava como a dizer algo importante. Mesmo contrariadas, após ouvir tais insolências, elas ficavam a distância com um olhar vazio e curioso sobre o impertinente homem. O certo, é que em determinado momento, esse homem levantou-se e passou boa parte da rápida viagem a conversar com uma dessas aeromoças. Ambos disparavam descuidadamente risadas faceiras com a intimidade dos amantes.
Sem muito pensar sobre o que acabara de anotar, Jazz buscou no silêncio dos seus pensamentos, e escreveu suas possíveis justificativas no verso do mesmo guardanapo.
"Se for uma cachorra, vai adorar tal tratativa (o homem ficará com a falsa ideia de que a possuirá sempre, ou... a terá apenas por um instante, como muitos homens que pensam o mesmo, mas que possivelmente isso ocorrerá apenas por alguns instantes). Mas se ela não for esse 'tipo de mulher', talvez, esse homem jamais venha a tê-la (essa certeza pode ser acompanhada do prejuízo eterno, não haverá dúvida quanto a integridade da mulher seletiva, porém, para o homem, restará a certeza da grande sorte perdida)."
* Pensarei melhor no assunto!
- por que a mulher deveria ser seletiva? (por quais motivos?)
- o que é uma mulher seletiva para o homem ou mesmo para a mulher?
- para o homem, existem apenas dois tipos de mulher; a santa e a perversa?
- será que de fato existem apenas dois de mulher?
- a perversa saberia, se assim pretendesse, se passar por ambas?
- a santa de fato seria sempre santa? Ou apenas o faz assim para manter as aparências?
Ficou pensativo quanto a dificuldade de chegar a uma ideia mais objetiva sobre esses fatos.
Nada satisfeito, e ainda com muitas dúvidas, complementou com uma frase aparentemente ainda mais desconecta, com mais uma observação sobre sua imperícia;
"O homem está preso à mulher, principalmente quando pensa estar livre. A mulher por sua vez, está livre do homem, apesar de muitas vezes parecer presa!" (pois, a mulher pode sempre se livrar e agarrar-se a qualquer um quando bem entender?! (*melhorar)
Riu de si mesmo e dos seus pensamentos sempre inconclusos.
O homem voltou a sua poltrona, e após terem iniciado uma conversa estranha, por simples falta de espaço seguro para mantê-lo distante, Jazz educadamente deixou transparecer ser complacente e simpático à ofensiva desse homem para com as garotas, mesmo não concordando com suas maneiras, pois contrariá-lo nesse momento, seria estender o assunto, e isso ele não suportaria. Independente de opiniões adversas, ambos se deliciaram com as belas aeromoças durante os preparativos do voo. Paralelamente, Jazz pensava nas pessoas estranhas que tem atraído ultimamente, e cogitou que talvez ele mesmo tenha ficado distante do que pensa ser uma nova maneira de se fazer as coisas, de agir frente a uma nova realidade que se apresenta.
"Uma realidade da moda?!", pensou incrédulo.