Romance Asfixia

Asfixia

No romance Asfixia - o pensamento é tratado como a maior angústia do homem.

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Romance Soslaio

Soslaio

"As mais incríveis criações do homem, intrigantemente são aquelas ligadas ao campo da inexistência. Impossível combater aquilo que não existe, pois como provar que um coisa que não existe, não existe!"

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Romance Tempestade

Tempestade

"Para o homem que deseja ter uma mulher confiável ao seu lado, só lhe resta uma maneira para ter a certeza que de fato a encontrou; desrespeitando-a!"

Não fique imaginando coisas! Para saber exatamente o que aconteceu com o protagonista e o que o fez pensar assim, você terá que ler o início do romance no arquivo.

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sábado, 16 de janeiro de 2010

Romances

Soslaio

 

"As mais incríveis criações do homem, intrigantemente são aquelas ligadas ao campo da inexistência. Impossível combater aquilo que não existe, pois como provar que uma coisa que não existe, não existe!"

 

(Texto de abertura do primeiro romance de Rogério Zaos, na seqüência, o primeiro parágrafo escrito desse trabalho, que posteriormente tornou-se o capítulo 29 do romance.) 

 

Tiros rompem o silêncio, cortam o ar como uma faca afiada. Após ficar perambulando por tantos anos sem um porto seguro, período este de total instabilidade na minha vida pessoal e profissional, depois de ser reprovado em várias entrevistas de emprego; eu, Lauro Iota, consegui aprovação no concurso para investigador da polícia civil do Estado de São Paulo. Após três longos meses na academia participando de treinamentos intensos, comecei a trabalhar de fato. Definida a minha situação, fui resignado a atuar no departamento de narcóticos, cuidando apenas de assuntos burocráticos. Sem a menor expectativa de sair às ruas, apesar de ter consciência de que isso será inevitável. Já estou achando tudo um grande saco, sem nenhuma resistência às minhas inquietações, continuo sendo o que penso que sou.

 

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            Tempestade

 

"Para o homem que deseja ter uma mulher confiável ao seu lado, só lhe resta uma maneira para ter a certeza que de fato a encontrou; desrespeitando-a!"

           

Após a imprevisibilidade do que acabara de ocorrer, Jazz pegou um guardanapo do serviço de bordo da aeronave em que está viajando, e anotou imprecisamente esse indiscreto aforismo. O que o levou a fazê-lo, foi o fato de ter presenciado o homem ao lado da sua poltrona a dizer impropérios ao pé-de-ouvido das aeromoças; uma a uma que passava, ele as chamava como a dizer algo importante. Mesmo contrariadas, após ouvir tais insolências, elas ficavam a distância com um olhar vazio e curioso sobre o impertinente homem. O certo, é que em determinado momento, esse homem levantou-se e passou boa parte da rápida viagem a conversar com uma dessas aeromoças. Ambos disparavam descuidadamente risadas faceiras com a intimidade dos amantes.

            Sem muito pensar sobre o que acabara de anotar, Jazz buscou no silêncio dos seus pensamentos, e escreveu suas possíveis justificativas no verso do mesmo guardanapo;    

 

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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Soslaio Cap. 01

Um pouco antes das sete da noite, um vento fraco cortava os meus pensamentos, o cansaço bateu forte durante o meu retorno de uma curta viagem que fiz à casa da avó da minha namorada, a Dalma. Um domingo chuvoso numa estrada escura e perigosa. Apesar de dirigir com cautela, ouvi por várias vezes a Dalma reclamando com um cuidado excessivo para com a velocidade desenvolvida pelo carro. Sonolento, comecei a pensar na vida instintivamente, me desliguei de tudo como quase sempre acontece, talvez por desejar chegar logo e parar de ouvir sua tagarelice. Sem perceber mais nada a minha volta, apenas segui adiante.

Fomos juntos até o interior de São Paulo, tudo às pressas, sua avó estava desenganada pelos médicos. Na volta, resolvi dar uma parada no ateliê de um amigo para quem faço um trabalho de colaborador sem nenhum vinculo financeiro ou trabalhista, a fim de pegar algo que não me lembro agora. Assim que passamos pela entrada da cidade, avisei a Dalma, que muito me censurou por achar perigoso e desnecessário tal parada, mas ainda assim fomos.

Nesse dia eu estava preocupado com a viagem a trabalho que estava marcada para o dia seguinte logo cedo. Pensei em desistir de dormir na casa da Dalma, mas mantive a ideia, e por isso insisti que deveria retirar coisas do ateliê.

A Dalma parecia pressentir que algo de ruim estava por acontecer, mas como eu iria saber, ela está sempre pressentindo coisas que nunca aconteciam!

As mulheres são sensitivas, eu sei! São mais ligadas aos acontecimentos do mundo natural e até do 'sobrenatural', se é que isso existe, do que os homens. Mas quem liga para isso? Elas erram mais do que acertam, mas quando acertam...!  

Um dia eu até acreditei nisso, de que as mulheres possuem certa divindade. Que nada! Se existe um verbo que não faz sentido nesse mundo, é o verbo possuir. Aqui, ninguém possui nada!  Mas o verbo existir me faz sentido, acho que no mundo existem muitas pedras, e na maioria das vezes, a pedra é o homem.

"O homem é um pedaço de concreto que respira!" -- gostei disso! "A mulher é nuvem... é sol... é vento!" -- acredito nisso!

Mas também, como dar atenção a essas maluquices, estão quase sempre pensando coisas sem motivos, cheias de medos excessivos, neuroses. Elas, de certa maneira, conseguem nos deixar malucos por quase nada. Mas a merda toda é que dessa vez ela tinha razão. Mesmo dizendo que não, tão assertivamente, eu decidi por continuar, e senti na pele o que é ficar refém de uma situação e não poder mudar o rumo dos fatos. Ela ainda insistiu por mais de duas vezes, pediu para que eu deixasse essa ideia de lado, que acordasse mais cedo na segunda-feira, que passasse no ateliê antes de ir para o aeroporto. Não consigo esquecer a exata maneira de como ela me falou, de como fora ríspida a fim de me intimidar, de me persuadir a desistir, mas nada adiantou. 

"Você sabe que não gosto de passar no ateliê de dia, pior ainda à noite! Esse lugar é muito feio, cheio de gente suspeita te medindo da cabeça aos pés! Fora as crianças abandonadas que circulam pelas ruas!" -- lembro-me dos seus gestos, do seu rosto e das mãos.   

Para piorar ainda mais a minha tolice, a leve chuva dificultava a visibilidade. Que tolice! Mas acontece que ela colocou tantos empecilhos com relação ao ateliê, por não ser meu, por achar que não deveria ter trabalhado de graça, então não seria nenhuma novidade ouvi-la dizer para eu não passar mais nesse lugar. Eu reforcei a importância e insisti dizendo que não iria demorar... que seria muito rápido, e que ela também teria que descer do carro a fim de não ficar sozinha, pois aí... sim... é que seria perigoso. Ela aquietou-se.

A merda é que ao chegar, parei o carro bem em frente à porta de entrada e demorei um pouco para achar o molho de chaves. Por incrível que possa parecer, as chaves não estavam no lugar de sempre, dentro do console do carro, e assim ao me abaixar não pude perceber nada de suspeito a minha volta. Fiquei parado de frente a porta principal de entrada do ateliê, fomos surpreendidos por dois moleques armados, ambos não tinham mais do que quinze anos de idade e estavam sob forte efeito de drogas. O que de fato aconteceu, foi que no dia anterior, com a intenção de organizar um pouco as coisas que estavam jogadas dentro do carro, eu peguei tudo que estava no console, inclusive as chaves, e sem muito perceber, coloquei uma parte das coisas dentro do porta-luva e outra parte no porta objetos ao lado da porta. Naquele exato mome nto em que precisei das chaves com agilidade, não me lembrava onde estava. Por algum motivo, as chaves que deveriam ter ficado por cima de tudo, não mais ali se encontravam, acabaram se misturando com outras coisas, e provavelmente por ser o que havia de mais pesado entre essas coisas, foram parar bem abaixo de tudo. Sempre tive o costume de chegar com as chaves nas mãos para evitar ficar distraído e ser pego de surpresa por algum bandido. Ao me abaixar para tentar encontrá-las, surgiu um moleque batendo forte no carro com um ferro, era um som muito estridente e parecia que conseguiria estilhaçar o vidro da porta. Infelizmente, esse som estridente era de um revólver, e então fiquei petrificado. Antes que pudesse me levantar e perceber exatamente o que estava acontecendo, intuitivamente decidi que seria melhor não me mexer bruscamente.

Apavorado, abri a porta do carro e os assaltantes me forçaram a ir para o banco de trás. Gritos intermitentes para que eu entregasse rapidamente a chave do carro, enquanto a arma continuou apontada para a minha cabeça, os gritos não cessaram. No momento de maior desespero eu esqueci que tinha acabado de colocar as chaves por entre as pernas, e que na seqüência acabaram caindo no assoalho do carro, e no exato momento em que passei para o banco de trás é que perdi a noção de tudo. Nada havia percebido desses detalhes.

Por pouco não levei um tiro nos miolos, acharam que eu estava mentindo, de repente tudo ficou sem uma lógica aparente.  Eu estava muito surpreso com tudo, eles não passavam de duas crianças com uma arma na mão, porém, de uma eloqüência sem proporções.

Somente na riqueza o mal é inerente, na pobreza, a necessidade de sobrevivência acaba por chegar antes.