Romance Asfixia

Asfixia

No romance Asfixia - o pensamento é tratado como a maior angústia do homem.

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Romance Soslaio

Soslaio

"As mais incríveis criações do homem, intrigantemente são aquelas ligadas ao campo da inexistência. Impossível combater aquilo que não existe, pois como provar que um coisa que não existe, não existe!"

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Romance Tempestade

Tempestade

"Para o homem que deseja ter uma mulher confiável ao seu lado, só lhe resta uma maneira para ter a certeza que de fato a encontrou; desrespeitando-a!"

Não fique imaginando coisas! Para saber exatamente o que aconteceu com o protagonista e o que o fez pensar assim, você terá que ler o início do romance no arquivo.

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sábado, 5 de junho de 2010

G. Néscio

No restaurante

 

G.Néscio estava em seu quarto dia de treinamento na nova empresa. No primeiro dia saiu para almoçar em comboio com a nova turma, afinal ninguém conhecia muito bem a região e sair para almoçar sozinho iria parecer como descaso, o antipático. O problema é que a turma ficou viciada, por simples comodismo, em almoçar num pequeno restaurante a dois quarteirões do prédio, a comida fria servida em pratos de plástico o desagrada, e isso G.Néscio não pode mais tolerar. Para tanto, a fim de se livrar dessa infeliz empreitada, ele teria que se desgarrar da turma, o que certamente lhe causaria algum problema quanto a sua imagem individualista. Decidiu que algo deveria ser feito, e passou o restante da manhã sem prestar muita atenção a palestra, pensando em uma boa desculpa.

Assim que chegou o horário do almoço, a turma toda alvoroçada começou a sair da sala aos trancos e barrancos, todos com pensando somente no almoço sem prestar atenção em outras questões. G.Néscio ficou entre os últimos e avisou a um amigo que provavelmente não daria tempo de almoçar, pois teria que ir até o banco, e assim o fez caminhando em direção contrária ao grupo. Afoito para se manter em segredo, assim que virou o quarteirão, ele parou num ponto de táxi e perguntou sobre algum restaurante próximo e de boa qualidade, de preferência com comida servida direto da panela, bem quentinha.

Andou mais dois quarteirões e encontrou o simpático botequinho de nome ínfimo: Bom Sabor. Adentrou ao lugar tranqüilamente, feliz por perceber que enfim poderá apreciar uma boa comida. Puxou uma cadeira e se sentou a observar as pessoas. Rapidamente foi atendido e pediu um comercial com salada. Não demorou muito tempo e a comida chegou a sua mesa esfumaçando. Começou a comer a salada distraidamente quando uma sensação quase indescritível tomou o seu corpo de assalto. G.Néscio teve a sensação de que sua percepção de mundo subitamente mudou de tamanho; a cadeira ficou pequena, a mesa diminuiu tanto que pensou que não haveria mais espaço para ele e a comida. As paredes do boteco começaram a se afastar, o som das pessoas conversando e dos carros passando na rua ficaram tão distantes que para ouvir algo ele apertava os olhos como se isso pudesse aumentar o tamanho dos ouvidos.  Ele estava zonzo, o cheiro da comida lhe escapou, sentiu sede, mas como não havia pedido nada para beber  e assim permaneceu inquieto e confuso. Não tinha como fazer nenhum pedido a garçonete, sua voz não saia. Os olhos lacrimejaram enquanto a fumaça da comida lhe invadia os pensamentos. Tentava respirar e mal conseguia. Tentava espirrar, mas a boca estava travada. Quando já estava pensando que seria o dia de sua morte e que assim não haveria mais nada a fazer, sentiu algo irritando suas narinas. Ao tentar coçar sentiu que algo pedia insistentemente para sair, então, sem nenhuma consciência sobre etiqueta, G.Néscio enfiou o dedo no nariz e tirou um filete de cenoura com o comprimento de um dedo a sair feito um verme hospedeiro, invasor.

Ao olhar para os lados percebeu que ninguém estava preocupado senão com a própria fome. G.Néscio respirou fundo pelo alívio concedido e começou a rir irrefreadamente, pensando "como algo tão inacreditável pode acontecer assim?". Sua voracidade houvera de ser tamanha que ao colocar na boca um punhado de salada, conseguiu o feito inédito de regurgitar a cenoura pela própria narina, sensação inigualável.

Após se recompor ele conteve o ímpeto e comeu pausadamente a comida que já não estava mais tão quente e nem tão saborosa. Assim que terminou de comer, a garçonete se aproximou para retirar o prato da mesa e lhe perguntou "O senhor aceita uma sobremesa? É cortesia da casa!".

"Aceito sim! O que a senhorita tem!"

"Bolo de cenoura!"