Romance Asfixia

Asfixia

No romance Asfixia - o pensamento é tratado como a maior angústia do homem.

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Romance Soslaio

Soslaio

"As mais incríveis criações do homem, intrigantemente são aquelas ligadas ao campo da inexistência. Impossível combater aquilo que não existe, pois como provar que um coisa que não existe, não existe!"

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Romance Tempestade

Tempestade

"Para o homem que deseja ter uma mulher confiável ao seu lado, só lhe resta uma maneira para ter a certeza que de fato a encontrou; desrespeitando-a!"

Não fique imaginando coisas! Para saber exatamente o que aconteceu com o protagonista e o que o fez pensar assim, você terá que ler o início do romance no arquivo.

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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Crônica - O primeiro dia


             Ele chegou com uma hora e meia de antecedência ao endereço, nem tanto por estar preocupado quanto ao compromisso, mas sim, quanto ao seu próprio bem estar; "ficar parado no trânsito de uma cidade como São Paulo não é fácil, duas horas a menos de sono ainda é melhor do que ficar alguns minutos a mais no trânsito", pensou satisfeito com a sua decisão.  Ainda assim ficou surpreso, pois mesmo às seis e trinta da manhã, não conseguiu na rua, nenhuma vaga próxima ao endereço. Tentou não se aborrecer, afinal; "chegar mais cedo não foi suficiente para obter um mínimo de conforto!"

            Ao adentrar a recepção do imponente edifício, ele foi informado por uma graciosa garota que teria que aguardar ali mesmo, até que alguém da empresa chegasse para autorizar a sua entrada até o escritório. Já havia ali umas sete ou oito pessoas prostradas em pé, conversando animadamente. 

            "Sem dúvida que fazem parte da mesma empresa!", pensou mexendo os lábios, enquanto demonstrava certa inquietação com as mãos. Cumprimentou a todos e se apresentou sem interromper a conversa que, por mera convenção social entre os pobres mortais nesse nosso país, tratava-se de futebol; "nada contra, mas será que não existe outro assunto mais interessante?". Ele conversou com um aqui, com outros dois ali, e tudo continuou girando em torno da bola. Enquanto isso, a única coisa a incomodá-lo era o seu 'intestino leviano', com constantes prevaricações digestivas; "sempre me deixa na mão nesses momentos de incertezas!".

            O calor já estava aumentando quando um dos seus três celulares tocou. Devo esclarecer que isso se tornou mais comum do que se imagina; pessoas com dois ou três aparelhos, sempre com uma desculpa mais inusitada do que a outra a fim de justificar os seus motivos. Assim, ele retirou-se para um canto do saguão do prédio e rapidamente atendeu a ligação do seu atual trabalho, emprego esse que ele ainda não pediu demissão, pois não sabe como serão as coisas na nova empresa. "Alias, sairei somente quando me pagarem! Bandidos!", pensou inconformado com os salários atrasados.

            Nesse instante de irritação, percebeu que não seria mais possível segurar a 'bronca'. Aproximou-se da recepção e perguntou discretamente se havia um banheiro próximo. Tentou demonstrar certa tranqüilidade e caminhou lentamente, porém, chegou a pensar que não daria mais tempo. Adentrou ao banheiro, e apesar de surpreender-se quanto à higiene do lugar, não se permitiu utilizá-lo sem antes dar um 'tapa'. Pendurou o paletó no registro de água e deu mais olhada. Pegou muitos pedaços de papel higiênico e limpou o vaso, depois fez o mesmo no chão, com muito pesar, afinal o tempo a cada instante mais exíguo. Forrou todo o acento do vaso sanitário e no momento em que se preparava para sentar, um dos celulares tocou. Ol hou no visor do aparelho e reconheceu que novamente era a mesma pessoa. Pensou em ignorar, mas para não despertar a desconfiança quanto a sua indisponibilidade, atendeu. Nesse momento as cólicas lhe causavam silêncio. Conversou rapidamente, após desligar, pode enfim arriar as calças. Antes de sentar-se o outro aparelho tocou, depois o outro e por fim, antes mesmo de conseguir encontrá-los por entre os bolsos, os aparelhos cessaram. Nesse instante sentiu um alívio inefável ao poder, enfim, sentar-se. Ficou olhando disfarçadamente para as paredes, contou os quadradinhos dos azulejos a sua frente, leu uma frase infame escrita na porta, e mais nada. Nada estava acontecendo, a vontade passou. Sem ter o que fazer... pegou um dos aparelhos e fez uma ligação.

            -- Alô! Mãe?! Tá tudo bem por aí?! Liguei só para dizer um oi!

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